UMA TRAVESSIA PELA SERRA SILENCIOSA

Alguns meses atras fiquei  impressionado com a leitura do livro UMA TRAVESSIA NA SERRA DO MAR que vc confere com detalhes NESSE LINK. Copiei o título e o cardápio. Quanto ao espírito aventureiro não dá pra copiar, a nossa aventura foi fichinha se comparada com as andanças do Erwino Weiser e seus amigos, mas deixo algumas imagens e comentários:


O DESTINO:  SERRA DO QUIRIRI que significa LUGAR DO SILÊNCIO. Localizado no município de TIJUCAS DO SUL-PR, o acesso foi pela BR 101 até Garuva e iniciamos a trilha atrás da fábrica de queijos SANTPAR (fica aprox. 1km antes do pedágio). O lugar tem uma boa lanchonete onde detonamos um ótimo misto-quente com pão caseiro e ainda tem um laguinho com carpas japonesas.


A TURMA: JOPZ, RUBI, BETO, FABIOLA e MILDO que fez o convite e a gente encarou sem conhecer a trilha, sem conhecer os pontos de água e acampamento. Avisei para a Rubi que havia um alto risco de virar roubada, para ir preparada, e ela mesmo assim  encarou. Que bom que eu avisei, pois a trilha superou todas as minhas previsões, tanto as boas quanto as ruins...


A TRILHA PRA SUBIR: O início é uma estradinha sussê que pouco a pouco se transforma em áreas de pastagem abandonadas. Paramos embaixo de uma jaqueira e o papo estava animado. A primeira parada foi no RIO TROVOADINHA, de águas cristalinas e geladas. Ali já dava para perceber o inferno de bambus que nos aguardava na floresta.



A FLORESTA: A trilha é pouco utilizada. Não tem lixo e os bambus se misturam com grandes árvores. Coberta de vegetação solta e escorregadia. A Fabiula foi de TÊNIS OLYMPYCUS então foi quem + escorregou. A subida foi lenta e puxada, mas mesmo assim muito bonita.


A PEDRA DO MOCÓ: Paramos para lanchar, para amarrar a bota, para ajustar as alças da mochila, para tirar fotos, para fazer gambiarra no fecho da mochila, para descansar e na imagem acima Fabiola e Beto estão embaixo da PEDRA DO MOCÓ, lugar legal com uma grande rocha inclinada que serve de abrigo para o pessoal que faz bivaque. Mal sabíamos que no dia seguinte seriamos nós que faríamos um bivaque de emergência. Nessa hora o Mildo quase nos matou de rir com seu festival de besteirol.


A PEDRA DA TARTARUGA: + de 8h enroscando as cargueiras pela trilha e saímos da floresta. O visual de fim de tarde estava legal. Poucas nuvens e a PEDRA DA TARTARUGA logo apareceu. A Rubi bateu pé que não queria andar até a área de acampamento então ficamos bem ao lado da TARTARUGA, o que acabou sendo legal pois pegamos 1 visu de primeira e ainda montamos acampamento com o restinho de luz do dia.


PRIMEIRA NOITE: chegou com um céu estrelado SHOW. Acampamento montado hora de preparar um rango. Pra fazer o eskenta levei 1 litro de QUENTÃO, estava uma delícia. O cardápio teve FAGOTTINI com molho ao sugo; no prato do Mildo pasta com frutos do mar (vulgo miojo com sardinhas); e o Beto que disse que não estava com fome comeu uns 2kg de miojo com molho bolonhesa. E pra fechar esse dia o litrão de RUM que o Mildo arrastou montanha acima. Por volta das 22h todo mundo na toka descansando a kaveira. Ventou durante a noite, mas o frio não castigou e dormimos muito bem.


Mildão saindo da barraca que cheirava sardinha e índio morto. Importante observar o sinal roqueiro conhecido como MALOIK que ele está fazendo ao acordar todo feliz... HEY HO LET'S GO!

(foto by Beto Janeczko)

 (foto by Mildo)

O dia amanheceu "epetacular" como diz o kamarada Mildo-Boca-Santa... Mar de nuvens, sol com céu de brigadeiro e ar gelado. Depois descobri que os amigos de CWB estavam pedalando debaixo dessas nuvens.


Tai a PEDRA BRANCA DO ARARAQUARA que visitamos faz poucas semanas (siga o link e confira), vista do acampamento TARTARUGA. 

 Mildo batendo chapas.


O café da manhã foi igual ao livro... linguiça calabreza com pimenta rosa e polenta frita (cozinhei e testei a polenta dois dias antes em CWB). O Beto também fritou linguiças e o Mildo detonou salsichas enlatadas (aquelas que tem cor de gente morta). O café foi campeão: BATIZADO COM O RUM QUE SOBROU NA GARRAFA. E o melhor de tudo foi o visual. Sem dúvida um privilégio tomar café com aquela paisagem.


CUME DA PEDRA DA TARTARUGA: Tai a caixa com o livro cume molhado. Assim como no Araçatuba estava detonado também e na Pedra Branca nem caixa encontramos, parece que em SC é difícil deixar 1 registro. Tudo bem, aprendemos e vamos carregar um caderno zero-bala para essas situações.

 Fabiola "a moça" que ouve a 91 ROCK pedindo carona. 
Não conseguiu nenhuma.


MORRO DO QUIRIRI: Vulgo morro da antena por motivos óbvios. Parecia tão longe e estava mesmo. Caminhamos horas para chegar até lá, mas a paisagem não fica devendo nada para a travessia da Serra Fina ou Patagônia. Belíssimo e grandioso. Esse foi o trecho + bonito da travessia. Algum tempo caminhamos pela trilha que depois desaparecia, mas seguiamos em frente amassando capim. Aqui o silêncio é bem presente.


O LAGO DO RIO QUIRIRI: Quando chegamos na antena fizemos um lanche e partimos para o lago cujas águas vão formar o RIO QUIRIRI. Essa foto é legal porque mostra as nuvens chegando, naquele fenômeno que lá no RS é chamado de VIRAÇÃO (rápida invasão de nuvens / nevoeiro).



ALMOÇO PATRÃO: Pegamos água no lago, subimos mais uma encosta e paramos protegidos do vento e da umidade para um almoço quando já eram quase 15h. Eu tinha detonado quase todo pão (só sobrou pra Rubi fazer os sandubas dela), mas o Mildo salvou com o ARROZ PRIMAVERA (VALEUZ). Fritei um monte de linguiças e foi um belo almoço, principalmente assistindo as invenções culinárias do Mildo (Uma mistura de sopa, macarronada e canja). Na foto abaixo o morro da antena visto pelo outro lado e  com nuvens.


A TURMA DA AMC: Depois desse ponto caminhamos quase as cegas dentro da neblina e varando mato. GPS mostrou serviço, pois não havia visibilidade para identificar pontos de referência e utilizar a bússola. Encontramos com a EQUIPE GARUVA da ASSOCIAÇÃO MONTANHISTAS DE CRISTO por volta das 17:00h. Eles subiram o Pico Garuva no dia anterior para descer pelo Monte Crista (Zeca, Ingrid, Otavio...) e nesse ponto estavam a caminho da Pedra do Lagarto/Urubu. Foi um encontro estranho, conversando aos gritos dentro da nuvem, o máximo que vi foram 2 vultos, um de camiseta branca. Valeuz a dika da água.

PICO GARUVA: Foi aí que a zica chegou. Cume do PICO GARUVA. Chuva fina, roupas molhadas, botas ensopadas, frio e escuridão. Eram quase 20h e a melhor opção era acampar por ali e descer no dia seguinte, mas as meninas foram taxativas que não queriam dormir, queriam descer, queriam andar a noite toda, queriam comprar revistas de fofoca na rodoviária de Garuva, então SEJA FEITA A VONTADE DELAS E SIMBORA ESCORREGAR MONTANHA ABAIXO...

A TRILHA PARA DESCER: estava super lamacenta e escorregadia. Festival de quedas. Chegamos em um ponto que não tinha continuação. Demoramos para perceber que era preciso se jogar por um buraco entre grandes pedras (praticamente uma caverna). Depois outro ponto interrompido, demoramos, mas passamos. Chegamos em um trecho de crista onde imagino deve ficar a entrada para o vizinho PICO JUREMA, mas nada vimos da tal JUREMA. Lixo de montão, principalmente garrafas de birita vazias. Paramos para comer. Dai pela terceira vez um local que o GPS indicava o caminho, mas a trilha acabava. Procuramos por horas, a lanterna do Mildo morreu e a Fabiola teve uma pequena crise de hipotermia e então a decisão + radical foi tomada...


SEGUNDA NOITE = BIVACANDO SEM QUERER: Decidimos fazer um bivaque (acampamento temporário, rápido, sem barracas, só com o saco de dormir e isolante largados ao relento e olhando as estrelas) para descansar e aguardar a luz do dia. Já era madrugada e olha só o MILDO fazendo o mesmo MALIOK da manhã agora na madruga do dia seguinte. Pela cara dele na foto abaixo já dá pra imaginar o estado físico e emocional de todos...


A NOITE DOS MORTOS-VIVOS: Eu adoro filmes de zumbi, e nessa hora a turma toda estava com CARA DE ZUMBI, CHEIRO DE ZUMBI, FOME DE ZUMBI, HUMOR DE ZUMBI e com certeza + mortos do que vivos após 17h caminhando. Felizmente a noite passou rápido. Jogados no mato os ratinhos pulavam por cima de nós tentando roubar comida e roer as sacolas de lixo. Por sorte os roncos de URSO do kamarada Beto espantaram as onças (será que ainda tem alguma?), as jararacas, as caranguejeiras e os quatis (esses tem com certeza). O sono foi leve apesar do cansaço. A garoa virou chuva, mas depois aliviou. Acordei quando o dia clareou e fiz chá quente (um saquinho de chá preto fez 3 canecas) e café aguado. Comida não havia mais, só uma barra de chocolate e uma sopinha mixuruca que guardamos para a trilha.
 

FINAL FELIZ: a manhã de sábado chegou com claridade e descansados ficou + fácil encontrar a trilha. Mildo com o GPS e Jopz varando capoeirão com a bússola na mão logo achamos o caminho e em pouco tempo concluímos a descida e cruzamos o RIO DA ONÇA na altura da cachoeira. Lugar muito bonito e convidativo para um mergulho, mas com a água congelante niguém se animou. Dali a trilha muda, o ruído da BR é onipresente e a vontade de chegar no carro era maior que o espírito de contemplação. Apesar desse bivaque não programado, a caminhada como um todo foi SHOW, o visual incrível, o companheirismo, kamaradagem, piadas infames, festival de palavrões, comida boa, e a intensa comunhão com o 1/2 ambiente valeram cada passo do caminho. Taí uma mandala na imagem abaixo. Não pode haver melhor meditação do que no templo da mãe natureza. Queimem as igrejas!


CONCLUSÃO: É um lugar de extremos e difícil colocar em palavras, então deixo que o silêncio seja sua marca, nada que eu possa dizer se compara as trilhas do QUIRIRI, já falei demais e quem quiser conhecer de VERDADE que se mande pra lá. 

"Vida é o que acontece enquanto ficamos sentados fazendo planos".
John Lennon

QUINTA FEIRA = 9h de caminhada
04:30h acordar
06:00h pegar o Mildo no Círculo Militar
07:30h encontrar bom Beto e Fabiula em Garuva
09:00h inicio da trilha em Garuva
10:00h rio Trovoadinha
15:30h pedra do mocó
17:30h saída da floresta
18:00h pedra da tartaruga
22:00h dormindo na barraca

SEXTA FEIRA = 17h de caminhada
07:00h alvorada - cafezão sem pressa - desmontar acampamento
10:00h inicio caminhada
12:30h morro da antena (quiriri)
14:00h lago
15:00h almoço
20:00h cume do Pico Garuva
03:00h bivaque de emergência

SABADO = 5h de caminhada
07:00h alvorada - café - levantar "acampamento"
08:00h inicio da caminhada
11:00h cachoeira do Rio da Onça
13:00h no posto em Garuva
16:00h em casa CWB - B1B

DIN DIN P/ 2 PESSOAS
R$ 52,00 Gasolina. (200km rachid com Mildo)
R$   8,40 Seis pedagios (rachid com Mildo)
R$ 15,00 na lanchonete Santpar
R$ 29,00 na lanchonete do posto em Garuva
R$ 60,00 mantimentos no CONDOR.

Relato do Beto Janeczko nesse link.


JOPZ - Junho 2011

Comentários

Mildão disse…
isso ae capitão, simbora pro próximo que o perengue já passou
:D
Luiz disse…
Bela aventura! Mildo boca-santa deveria abrir uma igreja!!
Cezar and Léia disse…
wow
wow
wow
Maravilha de aventura!
Adorei!
Léia
Bruno Teixeira disse…
SHOW DE BOLA...
PARABÉNS PRA TODA ESSA GALERA CORAJOSA...

ABRÇS.
BRUNO JP TEIXEIRA - O PORTUGA
http://brunojpteixeira.blogspot.com/
Rb disse…
É, lendo o relato até parece que foi mais fácil...
Hoje sentadinha aqui, seca, a chuva lá fora, sem dores, tudo está beeeemmm melhor.
Mas, apesar de tudo, descobri que posso mais do que pensei. Ultrapassei meus limites e esses agora estabelecem os próximos.
Montanha é vida, não ficar sentado fazendo planos...
Fabi disse…
EEEEEEEEEE.... curti os relatos... mas meu olimpikus foi felomenaaaal!!!
Ivone disse…
MARAVILHA!!! ESTOU ENCANTADA! LINDAS FOTOS, LINDA AVENTURA, ADORO, ADORO E ADORO, AINDA FAÇO ALGUMAS COISAS ASSIM COMO VOCÊS!!!
ISSO SIM É QUE É VIVER!!!
IVONE POEMAS
HENRISTO.BLOGSPOT.COM
Ivone disse…
AH, RSRSRS SALSICHAS ENLATADAS "AQUELAS QUE TEM COR DE GENTE MORTA", RSRSRS ACHEI MUITO HILÁRIO!!!
IVONE
Rogerio Borato disse…
Um dos melhores relatos e passeio do blog,top relato,otimo conteudo. abraççços,e tamo junto no anhagava.
Renato disse…
Jopz, Tijucas do Sul é Paraná! Que aventura, e ver o Mildão soltar as tiras não tem preço!
Leandro disse…
É o MMC.
Mildo + Montanha = Chuva

Show de lugar, belas fotos.
Artes e escritas disse…
Que coragem, haja pique! Parabéns aos participantes. Um abraço, Yayá.
daguvasco disse…
Caraca que aventura fantastica. Lembrou algumas parte do livro mesmo, muito bom, a comilança, a diversão...
Bela trip, parabens pela coragem.
Aquele
Beto Janeczko disse…
É... pernadinha punk, mas os visuais do segundo dia, e a camaradagem fizeram valer cada segundo, até o perrengue que passamos na segunda noite.
Meu fogareiro deve ter ficano lá no almoço do segundo dia.
Mais tarde eu posto o meu relato.
Valeus!!!
Beto Janeczko disse…
A!!! E parabéns às duas guerreiras Rubi e Fabíola, que aguentaram a pernada numa boa. Pernada pra "gente grande", se soubéssemos deveríamos ter programado pra três dias.
Abrax...
JOPZ_B1B disse…
OPAZ, agradeço aos vários comentários.

Já corrigi o "endereço", sipz TIJUCAS é no PR e não em SC e SIPZ as meninas foram guerreiras, andaram forte e sem se deixar abater apesar das horas e horas pela trilha.

quanto ao preju do Beto é uma pena, show aquele fogareiro. Agora confirmo que de fato perdi uma lanterna que tinha ido como reserva.

JOPZ
Anônimo disse…
ötima aventura! fiquei com inveja 100% do tempo!
abs
marcelo

Postagens mais visitadas