TRAVESSIA MARINS - ITAGUARE - PARTE III - POR ONDE ANDAMOS

Alguns dos lugares da travessia MARINS - ITAGUARÉ 2011

CURITIBA/PR X PIQUETE/SP: 630km de asfalto só pra começar a aventura. Horas e horas dentro da van. Dessa vez levei uma almofada e com menos gente dava pra reclinar as poltronas. A maior parte desse trecho é pedagiado e com pista dupla o que ajuda bastante. Começamos a rodar as 21:00h da sexta e 01:30h chegamos em Miracatu onde paramos no posto O FAZENDEIRO (que estava cheio pakas). A grande surpresa ficou por conta do filme: O INSETO DO AMOR, uma pornochanchada anos 80 com a Angelina Muniz (e + uma penca de gente morta) que de tão ruim ficou até engraçado. 06:50h a Van parou na estradinha de acesso, quando termina o asfalto e começa um trecho misto de bloquetes e estrada de chão. O motorista veio com um discurso de que não poderia subir porque é muito responsável, a Van é um veículo caro e poderia quebrar. Esse discurso pareceu profisional na hora, mas depois vendo ele ultrapassar em  faixa dupla, forçar ultrapassagens, ultrapassar pela direita, abusar da velocidade e passar várias lombadas sem prestar atenção isso era só blá blá blá e fiquei convencido que era apenas desculpa esfarrapada. Recomendo alugar uma van + forte, com pneus duplos na traseira (a da Mercedez Benz por exemplo) que dai vai subir até a base (ranchonete) e pegar um motorista com experiencia nesse tipo de estrada "secundária".

 Mildo na estradinha com bloquetes que a "van não sobe"

ESTRADINHA DE ACESSO X RANCHONETE: 7km a pé pela estradinha com bonito visual. O tempo estava nublado e foi abrindo. Subida constante. Serviu para aquecimento e testar a minha perna manca. Fui devagar e deu tudo certo. 


RANCHONETE X MORRO CARECA X MARINS: A ranchonete é um lugar interessante, um point p/ todos os aventureiros. Lá é a base do MILTON GOUVEA que é um guia bem conhecido na região, mas nesse dia ele já estava na trilha com um pessoal de SP e só encontramos com ele perto do cume. A Ranchonete agora chama-se ACAMPAMENTO BASE DO MARINS. Fizemos um lanche rápido, água, banheiro e simbora enfrentar o trecho até o Morro Careca que é um ótimo mirante, tem área de acampamento e um ponto de água boa a menos de 5 min. Abastacemos para andar o primeiro e segundo dia. Até o Marins foram + 5km e somente um trecho é um pouco mais puxado. No Marins (2.420m) chegamos no meio da tarde e paramos na área de acampamento que fica aprox. 45min abaixo do cume e é mais protegida do vento. A maioria montou as barracas antes da chuva chegar, mas o JOPZ-MANCO chegou por último e foi se esconder na barraca do Zeca... Lá dentro o Zeca dormia e o Yves sofria com caibras. Fabiano e Serginho dormiram sem jantar. Com essa chuva deixamos o ataque para a manhã seguinte. Foi um final de tarde bem sussê, aproveitei para meditar e sintonizar a energia do local. O + loko foi o Yves que se mandou pra uns "panelões de água da chuva" pra tomar banho na hidromassagem da mãe-natureza. Brrrrrrrrrr, a água estava congelante. O Juliano parecia um DUENDE dentro da barraca usando um gorro da bolívia.

Chapa by Mildo

Chapa by Yves

- no maciço do MARINS estão também o Pico da Maria (2.356m) e o Pico da Mariana (2.312m). O acesso é muito dificil e poucos foram até lá sem auxilio de cordas e rapel. Meu plano é retornar e fazer o cume do Marins, Maria e Mariana, quem topaz? Nesse link tem um relato do Jorge Soto dessas pernadas, batizada de SUPERMARINGUARÉ.

MARINS X MARINZINHO: 2o. dia amanheceu fechado e somente 4 optaram por fazer um ataque entre nuvens: ZECA, MILDO, YVES e SERGINHO... enquanto Jopz, Juliano, Liliane e Fabiano foram direto para o MARINZINHO (2.393m) que fica aprox. 1km de pernada.  Antes de partir um curso intensivo (intensivo mesmo, 3 minutos) de GPS com o YVES e simbora pro Marinzinho procurando o caminho em meio a densa neblina. Mantivemos contato por rádio para saber o progresso de cada grupo. No caminho apenas uma subida + ingrime e chegamos ao falso cume... A turma do ataque fez um caminho + PUNK e subiram um puta paredão 1/2 na unha... UIAS! Devagar e sempre no ritmo do Jopz chegamos ao topo. O pessoal foi kamarada e sempre paravam pra me esperar, sem deixar o grupo dispersar na trilha. Pouco visual nessa hora, caminhando entre nuvens e com muita umidade. A trilha é bem marcada com totens, setas de tinta amarela e algumas fitas azuis, mas existem alguns pontos (geralmente capim alto) que estão 1/2 confusos e foi aí que o GPS mostrou serviço. Infelizmente o visual  pro lado do Marins continuava fechado e a turma do ataque só viu nuvens. Ficamos uns 15 min. no cume do Marinzinho e simbora...

 
 
1a. chapa by Yves. 3a. e 5a. chapas by 1000DO

MARINZINHO X PEDRA REDONDASaindo do Marinzinho são aprox. 1,5 km até a pedra redonda e isso começa com uma descida ingreme onde foram instaladas cordas pra auxiliar, mas nada complicado e que não seja possível vencer com cuidado e sem pressa. Nesse trecho senti fortes dores na perna e tive que parar para tomar analgésicos. Aproveitamos para fazer um lanche e lá se foram uns 20 min. parados. Começa aqui uma sucessão de sobe-desce até o Itaguaré, alternando trechos de crista aberta, pedras e "florestinhas". Nesse relato é citado um LIVRO CUME deixado ou atualizado pelo CEC (CENTRO EXCURSIONISTA DE CAMPINAS) lá na Pedra Redonda, mas não localizamos o tal livro (link). Lugar interessante principalmente quando visto um pouco mais de longe e a pedra parece redonda pq de perto não é. Tai mais um motivo para voltar pra lá... ACHAR ESSE LIVRO CUME, DEIXADO POR ALI BEM NO MEIO ESPECIALMENTE PARA REGISTRO DAS TRAVESSIAS.


 Zeca nas cordas. Chapa by Mildo.

PEDRA REDONDA x ITAGUARÉ (2.308m):  Continua o sobe desce. São + 3,5km até o Itaguaré. A chuva leve deu uma tregua, foi possível tirar o corta-vento e um visual legal foi surgindo. O Itaguaré apareceu entre nuvens e a primeira impressão foi um ESPETÁCULO. Seguimos caminhando e quanto + perto + bonito. A turma que ficou para trás para fazer o ataque ao cume do Marins já estava em contato visual e nos alcançou pouco depois da Pedra Redonda. Tem algumas passagens por baixo de pedras bem interessantes, onde o Jopz-Pançudo ficou entalado ao tentar passar sem tirar a cargueira (pura preguiça). Saindo dessas pedras encontramos um ponto de água que não estava no track e serviu para reabastecer os cantis quase secos de todo mundo. Em alguns momentos as nuvens permitiram ver trechos da serra fina e identificar a Pedra da Mina longe longe no horizonte. Nuvens negras e trovões assustaram o pessoal que até começou a montar acampamento, mas foi alarme falso, todos decidiram seguir em frente e acampamos juntos no riozinho do Itaguaré. As dicas do PAROFES foram bem úteis, especialmente sobre a área de acampamento e água. Antes da chuva começar muito blá blá blá divertido ouvindo as "histórias do Vietnã e do K2" do Serginho e do Fabiano. ESSE DIA FOI SHOW!



 Chapas by 1000DO - a ultima by Jopz e ao fundo PICO ITAGUARÉ

ITAGUARÉ x DESCIDA: 3o. dia. Durante a noite choveu muito e choveu forte. A área de acampamento INUNDOU na madruga. Minha barraca tem um furo fechado com remendo de pneu de bicicleta que não aguentou a pressão e deixou um pouco de água entrar. Alagamento geral na parte externa, chinelos, panelas e tralhas boiando do  lado de fora. Mesmo assim conseguimos dormir fazendo uma operação seca-barraca e abrindo um cobertor de emergencia (aluminio) por baixo dos sacos de dormir que assim não pegaram umidade. Já peguei chuvas mais fortes em montanha, mas inundação assim foi a primeira vez. Na manhã seguinte tempo feio e fechado, desmontamos com chuva e ninguém quis fazer o ataque ao ITAGUARÉ. Descida de aprox. 3km inicialmente com vento forte, mas quando entramos na area de floresta e fazendo as várias travessias de rio ficamos protegidos desse vento. Em pouco mais de 2h vencemos os 3km e chegamos na estradinha. Foi só nessa hora, final de caminhada do terceiro dia que minha calça ensopou e entrou água na bota, até então só tinha caminhado com os pés secos. GRAN FINALE! Claro que com tanta chuva durante a noite A VAN AMALDIÇOADA NÃO APARECEU PARA NOS PEGAR.

  Chapa by 1000DO do acampamento ITAGUARÉ.

SERTÃO DO MARINS X PINHEIRINHO X PASSA QUATRO: sem resgate e sem sinal de celular agora a única alternativa seria caminhar 17km até o asfalto, mas após 3 ou 4km eu apelei para o meu amuleto da sorte TUMI e conseguimos uma KOMBI com um sujeito chamado PAULINHO na localidade de SERTÃO DOS MARINS que nos levou até o bairro do Pinheirinho (2km de Passa Quatro) no bar do Nelsinho onde abusamos do banheiro, lanches e refris.  Eu desmontei minha mochila duas vezes e descobri que havia perdido a carteira. Esse trecho de estradinha é muito bonito, descemos +1 trecho da serra com belos visuais de montanhas e fazendas. Lá embaixo tinha sinal de celular e conseguimos contato com a Van que veio para o resgate.

  Chapa by 1000DO

PASSA QUATRO X CURITIBA: saimos do bar do Nelsinho, tentamos almoçar mas o horário não ajudou, enfrentamos o transito de SAMPA no final da tarde de segunda e paramos apenas para jantar no HOTEL E RESTAURANTE 41 em Itapecerica da Serra (LINK), buffet muito bom com comida campeira, massas e carnes a preço justo. Por ser beira-de-estrada achei o lugar acima da média, um bom achado. E pra seguir na onda de sorte, + uma vez TUMI fez o serviço e achei a carteira perdida debaixo dos assentos da van e ainda achei uma nota de 5 pilas UEBAS. Não dormi na volta, fiquei ouvindo o bom e velho rock'n roll. A van depois de tanto stress finalmente acertou uma e deixou um por um em casa. Cheguei na B1B por volta de 2:00 da madruga, bem animado ainda lavei as botas, botei a barraca molhada no varal e as roupas sujas de molho. 

Chapa by 1000DO


No total foram 12km no primeiro dia, 7km no segundo e 7km no terceiro dia,  sendo uns 15km nas trilhas de montanha e 11km nas estradas de acesso, e apesar de tanto andar, não vimos nem sinal do Marco Aurélio Bezerra Bosaja Simon, o lendário ESCOTEIRO DESAPARECIDO (sumiu em 1985), na real encontrei dias de paz, diversão, boas risadas e uma ótima conexão com a energia do local. Então é isso:

- não seja chinfrin, toquem os clarins, rufem os tamborins e simbora dinovo pro Marins!

Comentários

Rb disse…
Legal! Parabéns! Principalmente por ter ido machucado...E, a história das coisas boiando e chafariz dentro da barraca já me fizeram ver que a coisa não era para mim.
Gostei da parte final, "chinfrim com Marins".
JOPZ_B1B disse…
to sem grana, só posso fazer RIMAS POBRES ;-)

JOPZ
Unknown disse…
Bem legal o relato e as fotos bem como os links de referência. Parece que essa familia dos MMM não é fácil, ainda mais com chuva!
Parabéns a todos pela coragem.
Luiz disse…
Belas fotos e o lugar parece ser muito bacana. Agora, que motorista lazarento hein?

Postagens mais visitadas